domingo, agosto 20, 2006

infância
foi só chegar ali, pertinho do caixa, onde ficam as guloseimas - e a física toda que conhecemos já não mais fez sentido. Justamente por isso não sou capaz de explicar o que se passou, tanto pode ter sido um passe de mágica, uma alucinação, algo sobrenatural ou mesmo qualquer fenômeno que nossos conhecimentos - tão fantásticos e tão primitivos - ainda não são capazes de elucidar. O fato é que estava lá, uma moça, quase senhora, acompanhada de si própria quando menina. Indubitavelmente coexistiram as duas, naquele espaço de tempo que ninguém seria capaz de descrever. A moça e a menina se olharam e o brilho nos olhos foi o mesmo em cada uma delas. Sim, a felicidade ainda era compartilhada. Analisaram-se rapidamente, pois já eram velhas conhecidas; a menina renovou suas esperanças no futuro e sorriu, a moça sorriu ao pensar que seus valores sobreviveram ao tempo. A menina esticou a mão que prontamente encontrou a mão da moça, também esticada, na mesma direção. Ouviu-se uma buzina: um cachorro escapou da coleira e tentava atravessar a rua. Desviei minha atenção por uma fração de segundos e quando retorno o olhar para o caixa só tive tempo de observar a moça, já sozinha, que dizia ao atendente:
- Por favor, um chocolate.

Nenhum comentário: