sábado, abril 12, 2008

comemorando o aniversário de 5 anos de um dos meus posts favoritos (11/04/2003):

"A menina acordou. Ouviu uns barulhos esquisitos, 'acho que dormi demais'. Não conseguiu alcançar o relógio com os olhos e, concentrando-se um pouco, não percebeu o tic-tac habitual 'hora de trocar as pilhas; foi isso, o despertador não tocou, dormi demais e estou um pouco zonza'. Espreguiçou-se devagarinho, cada movimento era uma tortura 'de onde surgiram tantas dores??'. Quando fixou melhor o olhar, já meio descoberta, aterrorizou-se. Sentiu todo o desespero autonômico (nor)adrenérgico - mesmo com o tremor fino das mãos que piorava sua angústia tateou o abajur e custou a crer no que viu: sua pele estava toda enrugada, como era possível envelhecer assim em uma noite? Duvidou da sua coragem pra levantar, mas quando se deu conta já estava frente ao espelho. Sentiu, no mesmo instante, que ou a física toda que aprendera era uma grande mentira ou que (não, isso não!) ela estava fatalmente louca - a imagem no espelho era a de sempre, mas ao se olhar (sem o auxílio dos raios de luz refletidos na superfície fria e cínica) não via aquela menina que estava acostumada a ver - era ela, sim, mas muitíssimo envelhecida... Como, como era possível que alguém tão nova se visse tão cheia de rugas? Rugas inexistentes, rugas inventadas, rugas que ela mesma criou para si... Ahh, menina..."



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