terça-feira, outubro 13, 2009

a camisa que aparecia por baixo do jaleco era bonita, vistosa. Mas quem poderia imaginar o que estava por trás - uma blusa velha, desfiada e desbotada na tentativa - frustrada - de tentar aquecer o gelo que continua, incessantemente, a se formar. A calça, também velha e desbotada, foi se aproveitando do comprimento exagerado do jaleco branco para se esconder. A um observador qualquer, poderia passar como uma pessoa arrumada, de bem com o mundo. Por baixo daquela fachada, um sentimento triste de passado, de velhice, de desarrumação. De tempo perdido, talvez. E lá vai ela, vestir de novo o jaleco branco, colocar um brilho postiço nos olhos e guardar, mais uma vez, seu segredo. Tantos segredos que se escondem entre os panos de uma simples roupa, tantas tristezas disfarçadas com um sorriso. Uma pessoa pode, sim, lutar desesperadamente pela sobrevivência sem ser ao menos notada....

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