Dia mundial sem carro
Já pensou se todo mundo, todo mundo mesmo, resolvesse deixar o carro em casa e usar o transporte público? Não, na verdade ninguém pensou seriamente nisso. É lindo ser idealista, mas às vezes é preciso ser prático: o transporte público paulistano não comporta. Não comporta nem quem só tem isso, que dirá "todo mundo". E as pessoas não têm noção do que isso significa na vida prática - na pele das pessoas que dependem de ônibus, metrô, trem e sola de sapato.
A galera que precisa chegar ao trabalho às sete da matina precisa sair de casa antes das seis, às vezes até antes das cinco - e a condução já está cheia. Exatamente, tem gente que sai de casa pra trabalhar cinco da madruga. E não é pouca gente não. Mas você não precisa fazer a experiência completa: tenta, qualquer dia desses, pode ser até num domingo, sem trânsito, com pouca gente na rua - e nos pontos de ônibus, tenta fazer um trajeto em que seja preciso trocar de ônibus três vezes (o que não é muito) e percorrer de duas a três regiões da cidade. Mesmo num domingo, você provavelmente vai fazer grande parte da viagem de pé - e vai esperar um bocado entre um ônibus e outro. Na sua experiência possivelmente você vai fazer um trajeto menor que o trajeto feito por grande parte dos trabalhadores, e vai gastar no mínimo dos mínimos duas vezes o tempo gasto para fazer o mesmo trajeto de carro. Sem contar que de carro provavalmente você faria um caminho mais curto (os ônibus precisam passar por avenidas e ruas maiores e mais movimentadas para atender um maior número de pessoas....). Hoje numa conversa com alguém que precisa passar por isso todos os dias me lembrei de quando entrei na faculdade e não tinha habilitação (situação temporária, para minha sorte) e do sufoco que era pegar aquele bendito Butantã-USP, lotado, abarrotado, sair de casa seis e quinze para chegar às 8 na cidade universitária. Situação temporária que se repetiu durante todo o sexto ano (haja Butantã-USP....) e parte do R1, aí não mais de Butantã-USP mas de outros deus-nos-acuda para chegar por exemplo em Guaianazes: metrô até o fim mais lotação até os confins.... E quando saía às 5 da madrugada do plantão a lotação já estava cheia....
Mas voltando ao início do texto: ninguém pode propor seriamente um dia mundial sem carro. Não em São Paulo. Provavelmente não na próxima década em São Paulo. A não ser que seja feriado de quarta-feira com chuva torrencial e falta de energia elétrica. É, nesse caso específico até que poderia dar certo.
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