sábado, agosto 28, 2010

Talvez não seja uma construção mas sim um rio.
O rio era, antigamente, muito profundo, minava água, e naquela profundidade caberiam muitas e muitas coisas. Muitas dessas coisas serviriam para manter o leito vivo. Porém vieram as modernizações e as "obras", canalizaram uma parte, asfaltaram as margens: o rio não poderia mais oscilar como antes, estava engessado dentro das convenções que sua própria existência exigia (ou foi isso o que ele ouviu dizer). E com as obras veio o pó. Foi chegando devagarinho, preenchendo o fundo do rio. Aquele pó, que um dia já esteve sob controle, passou a virar lama. Alguns populares tentaram se mobilizar, gritavam agitando faixas. "O rio está morrendo". Mas qual o quê!! Ninguém acreditava que o rio morreria um dia - o que geralmente está por trás dos maiores enganos coletivos da história da humanidade. E o pó virando lama. Açoreamento. Até que, um belo dia, tiraram os óculos: ué, cadê o rio?

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