
(foto do site da Folha.com, fotógrafo Juca Varella mandou muito bem)
Pensando seriamente, não me acho uma pessoa normal ao ver poesia numa foto de um rio transbordando.
Agora, por que não compreender esses transbordamentos como resposta aos nossos excessos?
Por que, a cada verão, culpar os governantes, agitar toalhas para helicópteros, se não fazemos nada para que isso não aconteça?
Eu acho que sou uma pessoa "consciente", mas, na boa, qual a diferença que eu faço?
E por que não ver o transbordamento como uma tentativa desesperada da natureza de, efetivamente, fazer alguma coisa?
Parece uma coisa meio carola, digamos, "ação e reação", mas por que os excessos da natureza não podem ser belos?
Não estou falando das catástrofes que descem encostas abaixo matando e desabrigando gente. Estou falando de um rio que, recebendo mais água do que comporta, se expande, abraçando suas margens - caudalosamente. Por que mais pistas, mais concreto, quando o que se precisava era de mais árvores, mais mato, mais espaço para o abraço daquelas águas?
Vejo a foto e acho bonito. Água. Ganhando o espaço dos carros que não precisavam estar ali. Bastava planejamento. Bastava vontade. É uma pena que concretar dê mais lucro que verdejar. Enquanto for assim, os transbordamentos serão tão certos quanto as chuvas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário