Buscando um caminho para seguir, resolvi olhar para trás e tentar achar o fio da continuidade no meio dessa bagunça. E encontro sentimentos - os mesmos - entremeados entre tantas diferenças nesses anos de blog.
"E aquela musiquinha ficou na cabeça. Depois, passando por entre os (já poucos) carros estacionados, a menina sabia que pouco importava a data, pouco importava se estava frio ou calor: triste era a sensação, pura e simples, de se sentir menos, como se as outras pessoas fossem especiais e ela... bem, ela, não." (12/06/2003)
"Ontem, enquanto lia o Kaplan (sim, aquela coisa enorme de psiquiatria), passou uma moto. Sabe quanto o motorista resolve acelerar tanto e tanto que o bairro inteiro escuta sua passagem?? Foi assim que começou a pensamentear o pensamento, e pensamenteou dançantemente pois a aula de ballet foi especialmente boa. E pensei sobre o motoqueiro, que talvez estivesse triste, estivesse puto com a vida, e tentava apenas transferir sua angústia para o motor de sua moto. Talvez ele quisesse dar um recado ao mundo, como o assoviador da novela, talvez ele quisesse apenas declarar seu amor... E assoviar ou acelerar podem ser, quem sabe, pura e simplesmente uma comunicação ineficaz, como muitas vezes as palavras o são - quando não queremos ouvir, quando falamos precisamente no momento certo de calar. É estranhamente possível haver poesia nos ruídos, extremamente plausível haver algo oculto no coração de quem acha que não sabe fazer poesia alguma..." (06/05/2005)
"Bateu saudade.
e eu nunca que lembrava a senha desta conta...em pleno sexto ano e eu fico lendo posts antigos, numa nostalgia sem tamanho, numa vontade de voltar a escrever simplesmente por escrever - como tantas e tantas vezes...
mas ultimamente os temas são mais sérios, geralmente mais tristes e o espaço já não é mais o mesmo.
bateu saudade de comentar sobre o cinza, sobre as músicas que tocam no rádio (rádio?? música???), sobre a copa (pelo menos sobre isso ainda sei comentar um pouquinho), sobre o trânsito (saudade de dirigir cantando e pensando na vida).
queria terminar este post com algum pensamento interessante, algum trecho de música, ou uma frase original - meu insucesso confirma que já foi o tempo para essas coisas. Talvez um dia ele volte, com o vento, com as ondas - quem sabe." (21/06/2006)
"(...) Afinal, friamente, é uma tela em branco, ora essa, e não um pano preto. Dizem também que o melhor nem sempre é o que queríamos e que muitas vezes só vamos enxergar a tinta que pintou melhor algum tempo depois. Talvez seja preciso esperar, vai que a tela é mágica.... Por que não poderia ser mágica, ué? Tanta coisa que pode existir sem nos darmos conta.... Tantas coisas entre o céu e a terra, enfim.... Por que uma tela em branco pode despertar tanto medo? Coisa insensata essa, o medo. Talvez eu tenha mais medo da tela em branco que do pano preto. Talvez não. Se eu achasse logo o pincel do tudo certo...." (15/12/2009)
E para fechar com chave de ouro:
"inauguração de mais uma série importantíssima, e que merece até ser escrita em negrito e em maiúsculas "FATOS REVELATÓRIOS EM BIBLOS"
enquanto isso, durante um aprofundado estudo de um glossário, a garotinha vestida com calça jeans e twin set laranja toma conhecimento de um fato revelatório... e o fato foi tão-tão revelatório que ela percebe a máxima das máximas, que nortearia todo o resto da sua vida: há determinados momentos na vida de uma pessoinha que absolutamente tudo o que ela precisa fazer (para não se matar, evidentemente) é comer um chocolate. E de preferência milkybar." (04/05/2002).
Não, não achei a idéia perdida que procurava. Mas dei umas boas risadas comigo mesma!! E dá-lhe chocolate!!
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