Coitado do cara!
segunda-feira, agosto 09, 2010
Descendo a rua, cantarolando no pensamento uma música muito velha (talvez inspirada pela história de Yambo que leio nos últimos dias - "A misteriosa chama da rainha Loana", Umberto Eco), ao ouvir outra música não tão velha assim vinda de um boteco, imaginei a triste história do rapaz cuja sina era cantarolar todas as músicas que ouvisse. E a música só poderia ser substituída por outra música quando passasse por ele. Como um rádio ininterrupto, sem entrevistas, sem intervalos comerciais. E, se no começo, o rapaz até gostava da coisa, depois começou a viver um tormento sem fim. De nega do cabelo duro, passando por new york, new york, não podia parar de cantarolar até ouvir outra música! E era refém de cada música, de cada pessoa com ipod no último volume, de cada carro com janela aberta. Refém da música da portaria, do elevador. Mas o pior acontecia na madrugada: não tinha interferências externas - e a mesma música se repetia, numa melodia sem fim, num terror monótono do jazz ao funk, fosse qual fosse a última música escutada.
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